O SENHOR É O MEU PASTOR (SALMO 23)
Quero chamar atenção, já de início, para o fato de que este salmo é um dos textos bíblicos mais mal interpretados. Muitos o olham como um salmo de promessas materiais. Mas, veremos que não é bem assim que devemos olhá-lo.
Este Salmo foi escrito após muitos anos vividos, lutas, doenças e batalhas travadas (v.4), restauração da alma do salmista (v.3), inimigos diversos (v.5), um escritor que realmente viveu o que pregou, com boa experiência com Deus e certamente sua confiança sobre o futuro estava baseada na experiência do passado.
Todos os versos são de rica exposição e por isso no momento faremos somente o v.1 que é por vezes interpretado de forma equivocada…
1 – “O Senhor…” ( YAHWEH)
Esse é o nome pessoal do Senhor Deus, o Deus que é eterno, o nome com o qual o Deus que fez aliança com seu povo se apresenta, isto é, esse “pastor” não é qualquer pastor mas, é o Eterno pastor e aquele que desde o início jurou por sua palavra que cuidaria do Seu povo.
2 – “É meu…” O Salmista sabe que este Senhor é somente Senhor e Pastor dos seus e por isso se apropria dele com naturalidade sabendo que para cada 100 ovelhas, o pastor também é pastor de uma só, mesmo que esta não seja a mais digna. (Lc 15.1-7).
3 – “nada me faltará…”
Esta afirmação tem sido invertida por pessoas que acreditam que Deus lhes deve uma forma de vida fácil, descomplicada e sem nenhum tipo de falta de provisão e benefício. O que o texto está realmente dizendo?
O sentido da declaração do Salmista não se refere ao “que o pastor pode dar”, mas sim, “a quem ou o que o pastor é ” sendo assim, o correto é entender que – “O Senhor é meu pastor e Ele não me faltará”, tendo a consciência de que o caráter de Deus nunca é questionável assim como também de tudo o que Ele diz.
João Calvino diz:
“Só atribuímos a Deus o ofício de Pastor com a devida e legítima honra, quando formos persuadidos de que sua exclusiva providência é suficiente para suprir todas as nossas necessidades”.
Tenhamos em mente, pois, que nossa felicidade consiste nisto: que sua mão se estende para governar-nos, a fim de que vivamos sob sua sombra, e para que sua providência se mantenha insone e preserve nosso bem-estar. Portanto, ainda que tenhamos abundância de todas as coisas excelentes e temporais, no entanto asseguremo-nos de que não podemos ser realmente felizes a menos que Deus se digne de incluir-nos no rol de seu rebanho.