Quem pode pregar a palavra ?
Nos últimos anos temos presenciado uma crescente onda de pregadores midiáticos que são perceptivelmente despreparados, isto é resultado de um pressuposto oriundo do movimento pentecostal, qual seja o de que pregadores bons são os que recebem na hora a revelação do Espírito, tornando o preparo do sermão desnecessário.
Argumentam com frequência que na Nova Aliança não há mais necessidade de preparo porque, segundo eles, a letra mata. Eles interpretam a referida passagem bíblica como se estivesse tratando de estudo teológico, quando na verdade Paulo só estava salientando o fato de que a letra da lei, sem Cristo, leva à morte eterna.
A Bíblia com frequência expressa o aspecto solene da pregação, demonstrando que há uma série de critérios sérios a serem observados pela igreja, na condução de alguém como pregador da Palavra. Seguindo estes princípios, a Igreja Presbiteriana estabelece normas e condições, fundamentadas nas Escrituras, como prova para que alguém seja reconhecido como pregador, ou seja licenciado à pregação da Palavra. A Igreja Presbiteriana faz isto, seguindo não apenas à sua Constituição, mas também o que preceitua o Catecismo Maior de Westminter, quando diz que “A Palavra de Deus deve ser pregada somente por aqueles que têm dons suficientes, e são devidamente aprovados e chamados para o ministério.” (CMW).
O primeiro critério, segundo o Catecismo Maior de Westminster, é ter dons suficientes. Isto significa ter, por exemplo, o dom do ensino. Uma pessoa que não tem esse dom, não está apto para ser um pregador da Palavra, pois faz parte essencial do processo de transmissão da Palavra o aspecto didático, pois este processo nada mais é, do que o ensino das Escrituras, sob o formato de pregação. Além disso, é necessário ainda que o pregador tenha um caráter profético em sua pregação. Não necessariamente o dom profético, pois este cessou na transição do Antigo para o Novo Testamento. Mas, quando nos referimos a caráter profético, nos referimos ao fato de que o pregador precisa ter profunda consciência de que é um porta-voz do Senhor, da sua Palavra. O pregador é a voz profética de sua geração.
Além do dom do ensino, o pregador precisa ser chamado por Deus. Este chamado se evidencia, não mais como no Antigo Testamento, ou em Atos, em que o próprio Senhor se manifestada visível ou audivelmente ao indivíduo, comissionando-o ao ministério da Palavra. As evidências desse chamado se dão através do desejo do indivíduo em se dedicar prioritariamente a este ministério com e por amor, e através da percepção da igreja. A percepção da igreja em enxergar este indivíduo com claros sinais de um vocacionado são elementos essenciais ao chamado.
Além de tudo o que fora supra citado, é necessário que o obreiro seja aprovado. Essa prova se dá através de exames a que lhe são submetidos. Esses exames visa testar, de fato, se o indivíduo tem capacidade teológica, didática e pastoral para exercer o sagrado ministério. Na Igreja Presbiteriana, por exemplo, as provas consistem em um sermão de prova, uma análise minuciosa (exegese) de um texto bíblico, uma tese/monografia, e responder uma séria de perguntas teológicas do presbitério. De fato, é assim que deve ser, e isto é um cuidado da igreja consigo mesma em obediência à Palavra. Segue bases bíblicas que fundamentam esta premissa: Ml 2:7; Rm 10:15; I Co 12:28,29; I Tm 3:2,6;4:14; II Tm 2:2.
